Os Invólucros do Espírito

Os Invólucros do Espírito

Segundo a doutrina espírita, todo espírito é criado simples e ignorante e necessita realizar sua jornada de aprendizado. Para isso ele inicia vivenciando os reinos mineral, vegetal e animal inferior, até alcançar o "reino hominal". Nessa caminhada evolutiva, o espírito - pura energia - necessita de um agregado material que o permita experienciar seus julgamentos. Nessa caminhada, o homem adquire novos conhecimentos que o leva ao aprimoramento intelectual e moral, enfatizando a realidade e a permanência da vida espiritual bem como a sua continuidade, antes e depois da morte de seu agregado (corpo) físico.
Este corpo é um revestimento adensado de que se reveste o espírito e é constituído por matéria grosseira encontrando-se limitado por fatores biológicos, vivenciais e cármicos.

Paulo de Tarso em I Coríntios (15:40) afirma que: "Há corpos celestes e há corpos terrestres". Como esses corpos se conjugam na dimensão em que vivemos? Como seria visto o homem além de sua estrutura física?

Chakras, Meridianos e Nadis por Alex Grey

Assumindo as concepções acima, podemos conceber o ser humano como envolto por um agregado material composto de vários corpos superpostos, entretanto só nos é possível ver o corpo físico, por ser constituído da parte mais densa de energia. É um corpo que possui funções autônomas e constituído de uma complexa rede de Meridianos e Nadis (canais de fluxo de energia) por onde os estímulos eletromagnéticos passam, permitindo que o corpo físico funcione.

a) Corpo Etérico ou Duplo Etérico

      Alma Vital, vitalidade prânica, reproduz a forma do corpo físico com uma estrutura tênue, invisível, quase imaterial. Tem por função estabelecer a saúde automaticamente, sem interferência da consciência. Distribui as energias vitalizantes pelo Corpo Físico, promovendo sua harmonia.

O Corpo Etérico é o mediador ou elo plástico entre o Corpo Físico e o conjunto perispíritico. Essas ligações se fazem por cordões ligados aos chakras (ou centros de força). Dessa forma podemos dizer que o Duplo Etérico funciona como um transdutor de energia e as portas de comunicação entre os corpos são os chakras.

Para que o corpo físico (matéria densa) receba estímulos dos corpos menos densos (corpos sutis) é preciso “acoplar” a matéria densa com a sutil. Esse acoplamento é realizado através de um corpo chamado “duplo etérico” cuja função mais importante é transmitir para a tela do cérebro todas as vibrações das emoções e impulsos que o perispírito recebe da alma expressando as qualidades próprias de cada indivíduo. Absorver a vitalidade (prana) emanada do Sol, misturando-a com as várias energias vitalizantes do planeta e distribuindo-as ao soma. Seu automatismo é instintivo e biológico, não inteligente.

O Duplo Etérico é constituído por ectoplasma cuja base é o “fluido cósmico universal” emanado do próprio planeta Terra. É peça fundamental nos efeitos físicos e acoplamento mediúnico e pode ser afetado por substâncias ácidas, hipnóticas, sedativas ou entorpecentes.  As criaturas dotadas de mediunidade devem ter o máximo cuidado evitando alimentos ou bebidas com as características acima descritas.

Pode ser afastado do corpo por pequena distância, através de anestesia, transe mediúnico, sono, coma alcoólico ou mesmo hipnotismo, mas tende sempre a reintegração. 

Quando há o desencarne do ser o Duplo Etérico drena para o corpo inerte, as energias negativas residuais, retirando do espírito recém liberto as sobrecargas desnecessárias. Após a drenagem o Duplo Etérico entra em processo de desintegração e esse fenômeno, passível de ser observado é conhecido por “fogo-fátuo”.

b) Corpo Astral

O corpo astral é a matriz original, portadora do molde de todos os órgãos, que serão materializados no campo de leis e forças do mundo físico.

Assim como uma peça em cera reproduz a falha qualquer que exista no molde, o corpo carnal do homem, também apresentará falhas, disfunções, deformidades, intoxicações, lesões e demais alterações congênitas, conforme molde específicos de seu corpo astral. Essas alterações contidas na matriz astralina, são provenientes de atos de rebeldias espirituais ocorridas em vidas anteriores e que se constituem em informações fixadas no tecido delicado do Corpo Astral. Estas informações são repassadas à contextura anátomo-fisiológica do corpo físico durante a gestação e é por isso que o corpo astral é conhecido por MOB - modelo organizador biológico.

Assim, inúmeras criaturas já nascem marcadas por frustrações, complexos, defeitos anatômicos e insuficiências mentais e fisiológicas, que lhes dificultam a atividade humana na condição de estigmas “pré-reencarnatórios”, são defeitos e cicatrizes contidas no Corpo Astral, que desafiam toda a capacidade destreza e conhecimento médico do mundo, uma vez que ninguém pode modificar a árvore, ante a ingênua decisão de operar apenas na sua sombra.

Os corpos astral e mental inferior são perenes enquanto o espírito não se libertar do ciclo carnal. Esses corpos serão abandonados, em definitivo, quando já não se fizer necessária a vivência do ser no plano astral, por já ter adquirido outro patamar evolutivo. A esse acontecimento chamamos de “segunda morte”, quando o ser passa a situar-se no plano mental, com o veículo respectivo.

O corpo astral, juntamente com o corpo mental inferior, formam o que Kardec denominou de perispírito.  É o corpo emocional responsável pela sensibilidade geral, instinto, emoções passionais. Possui luminosidade variável, branca argêntea à azulada e pode ser observado através da vidência, moldagens e aparições fantasmagóricas.

Todos os espíritos que “incorporam” (exercem controle motor/psicofonia) em médiuns, possuem esta estrutura corpórea sutil, necessária à sua manutenção no mundo astral. Os espíritos mais evoluídos não possuem este corpo e se comunicam com médiuns através da intuição mental.

O corpo astral é como uma matriz energética, formada por várias camadas sobrepostas, de matéria astral e fluido cósmico universal. Essas camadas se sobrepõem formando uma malha, por onde podem fluir as boas energias e vibrações mas também são veículos por onde descem as toxinas mentais produzidas pelo espírito que irão danificar a estrutura desse corpo astral. As toxinas alcançam o corpo físico através de canais denominados chakras e geram as doenças que, em sua grande maioria, tem origem nos medos, stress, culpas pretéritas, consumo de determinadas substâncias químicas e atividades pouco edificantes.

A agressividade em excesso e os desregramentos sexuais, por exemplo, incidem grande desequilíbrio através do chacra básico (cor vermelha) e no chacra sexual (laranja), respectivamente, concentrando uma carga de toxinas nessas duas regiões do corpo astral. Excessos alimentares e de uso de drogas como álcool e outras substâncias químicas, além de sentimentos passionais e pouco fraternos atingem diretamente o chacra esplênico (amarelo) que fica sobre o umbigo. 

Raivas e ódios, orgulho excessivo, despotismo e tirania normalmente atingem o chacra cardíaco (verde). Já os problemas relativos a culpas e dificuldade no autoperdão atingem normalmente o chacra laríngeo (cor azul), proporcionando comportamentos excessivamente introvertidos, dificuldades de convívio com outras pessoas e em alguns casos uma melancolia e tristeza que pode chegar ao início de uma depressão. Os desequilíbrios emocionais mais severos atingem o chacra frontal (anil) e o coronariano (violeta), ambos na cabeça e ligados a estrutura do cérebro físico que encontra-se reproduzido no corpo astral.

Há relatos de que os médiuns que se recusam sistematicamente a educar sua mediunidade e colocá-la a serviço do semelhante no trabalho do bem, acumulam energias nesse corpo e no Duplo, deformando-os e prejudicando-os.

O Corpo Astral pode desdobrar (desacoplar) do corpo físico por anestesia, coma alcoólico, droga, choque emotivo ou desdobramento apométrico. É com ele que, nos trabalhos com a técnica da Apometria, projeções astrais conscientes ou por sonho, viajamos e atuamos no tempo e no espaço. Tem a condição de desdobrar-se em sete sub-níveis conservando sua consciência e faculdades.

c) Corpo Mental

Este corpo se estende além do corpo astral e é composto de matéria mais sutil estando associado a pensamentos e processos mentais. É o veículo da manifestação do intelecto concreto e abstrato, campo do raciocínio elaborado, sede dos fenômenos cognitivos e da consciência ativa, manifestada. Enquanto do corpo astral fluem as sensibilidades físicas e as emoções, o veículo mental pode ser considerado a fonte da intelectualidade.
O corpo mental é onde reside a memória evolutiva da alma. Ficam registrados nele, todas as imagens, fatos, pensamentos e emoções, obedecendo uma sequência temporal de nossa evolução individual. Nossas experiências encontram-se arquivadas de forma organizada juntamente com nossas ações e suas consequências. É neste corpo que se origina nossas capacidades indo desde o desenvolvimento do instinto até a construção da mente racional.

O corpo mental possui sensibilidade e recebe estímulos de dimensões mentais, mais sutis do que as recebidas do mundo material. É através dele que somos capazes de discernir, pensar, avaliar, raciocinar, compreender e assimilar e manifestar nossa essência divina, utilizando a vontade como a expressão máxima de nosso espírito no campo da individuação. Relata-se que o rebaixamento vibracional causa o adoecimento do corpo mental, e se a situação se tornar duradoura, refletirá no corpo físico, através da região do chacra laríngeo.

As enfermidades mentais são causadas por problemas de ordem moral que o espírito ainda não consegue perceber ou mesmo, insiste em manter. Acumulado no perispírito durante as várias vidas em que o espírito persistiu no erro, a morbidez psíquica necessita ser expurgada e é repassada ao corpo físico.

O corpo mental é subdividido em inferior e superior.

O mental inferior tem a forma ovalada e pertence a quarta camada corpórea sutil do conjunto de sete corpos somáticos do Homem.  Nele estão arquivadas todas as memórias das ocorrências relacionadas ao propósito evolutivo da experiência na matéria física. Portanto sua memória é limitada pela experiência material e pela aparelhagem cerebral física, atuando somente para os aspectos que serão trabalhados no aprendizado necessário ao espírito, durante sua passagem pelo mundo físico. Assim, todo o programa para a vida material também está guardado no corpo mental inferior, no setor que denominamos “inconsciente”.



O mental superior, é um corpo que já pertence ao "Eu Cósmico", encontra-se retida a consciência cronológica de todos os fatos vivenciados pelo espírito ao longo de sua existência, com seus respectivos aprendizados e conhecimentos adquiridos. Dessa forma, ele representa a condição moral mais elevada do espírito, e encontra-se livre para agir sob intuição divina, atuando na coordenação das experiências evolutivas, no que podemos denominar de “superconsciente”.



A ascensão espiritual e o aperfeiçoamento da vida humana estão diretamente relacionados à elaboração de recursos mentais superiores e á maior atividade do corpo mental, que, no decorrer das várias experiências evolutivas, vão sendo produzidas pela superação das lutas diárias e sucessivas. Esse estado mental superior produzirá a desintegração das velhas crenças, ultrapassadas e consolidadas, que devem ser substituídas aos poucos por uma visão mais ampla e por uma compreensão maior da realidade, transformando-se num estado mental mais saudável e abrangente, de acordo com as necessidades requeridas pela nova etapa evolutiva humana.